segunda-feira, abril 30, 2007

São jovens, merecem perdão. Trabalham juntos há alguns meses, têm beleza. Nesta tarde, estão sós, e organizam o escritório. Ele tem mulher e filho, ela tem marido. Mas estão próximos demais, ó deus, qualquer um os perdoaria! Abaixados, revisando documentos, o hálito dela, sem saber, acaricia seu rosto e atrai seus olhos para o colo. Algo mudou, ele já não apenas pensa no ofício, o pulso é outro. Ela continua a conferência, mas está bem ciente da mudança de seu colega. Dissimulada! Pronto, bastará um início de sorriso dela para o desenlace. E vai acontecer, ah, eu sei que vai, e será assim que ele despejar aquela pilha de papéis sobre a mesa dela. Preciso referir, o jogo todo está mais na mente de ambos do que em suas expressões. Alguém que acompanhasse tudo de fora, concluiria que trabalham e nada mais. Mas na mente de nossos dois jovens o trabalho é agora parte da trama. Ela está na mesa, leitor, ela está de pé mexendo em algo sobre sua mesa, lá vem ele com os papéis, ele diz alguma coisa, ela olha, ele olha, ela abaixa o rosto, mas já lhe escapuliu aquele meio sorriso, nada mais que fazer, vem o perfume, o batom, as mãos querem negar, não podem mais, e se entregam num furor que prediz os minutos seguintes, que força contida!, de onde tamanho desejo?